quinta-feira, janeiro 06, 2011

Diretor de Nosso Lar já pensa em levar Os Mensageiros ao cinema

 “Nosso desafio agora é abrir ainda mais essa temática: fazer um filme que possa ser visto por mais de 4 milhões de pessoas”


Jornalista de formação, trabalhando com cinema desde 1995, quando foi estudar roteiro e direção nos Estados Unidos, Wagner de Assis, 39, encerrou 2010 feliz com o resultado de Nosso Lar, que buscou, segundo diz, abrir para todas as pessoas o tema vida depois da vida. “Foi um furacão que não destruiu, mas que mexeu com os pensamentos e sentimentos do público. E, espero, construiu alguma coisa no coração das pessoas. Nosso Lar, com qualidade técnica inquestionável, que marcou um novo tempo para efeitos visuais na nossa produção, propiciou que pessoas fossem ao cinema mais de uma vez, juntou famílias e até deu motivos para que aqueles que não iam a salas de cinema há mais de 20 anos lá voltassem”, avalia.
Assis, que se autointitula um espírita-cristão que gosta de comungar com todas as religiões pelo bem, “conforme nos ensina o próprio Espiritismo”, não quer parar por aí. Seguindo a proposta do autor espiritual André Luiz, afirma que a tendência é que leve histórias do livroOs Mensageiros para as telas. “Mas ainda estamos estudando como fazer isso”, pondera.

Folha Espírita – Qual sua trajetória antes de Nosso Lar?
Wagner de Assis – Depois de estudar nos Estados Unidos, trabalhei por dez anos no Departamento de Comunicação da TV Globo. Em 1997, concomitantemente, fundei a Cinética Filmes e Produções, que, inicialmente, servia para me amparar juridicamente nos trabalhos iniciais. E eles foram roteiros para a apresentadora Xuxa Meneghel, de televisão a quatro longas-metragens. Depois, fiz meu primeiro filme como diretor: A Cartomante, baseado num conto do Machado de Assis. E, agora,Nosso Lar. Nesse meio termo, escrevi algumas biografias para a Coleção Aplauso da Imprensa Oficial, além de outros projetos de cinema e TV, como a minissérie sobre a vida do Marechal Rondon, que entra em pré-produção agora em janeiro. 

FE – E os não espíritas? Que retorno você teve sobre o filme com o público não espírita?
Assis  Acho que a maioria gosta da história, mesmo sem entender “suas profundidades”. Vejo que gerou questionamentos, críticas, até virulentas, daqueles que não aceitaram a filosofia que permeia a história, mas que entendemos fazer parte do jogo cultural mesmo. Interessante ver todas as pessoas comentarem que as casas espíritas estão cheias, que nunca se vendeu tantos livros sobre o tema. Claro que isso não é obra do filme Nosso Lar. É obra dos tempos em que vivemos. E nós somos apenas partícipes dele. Como nos disseram, “os tempos são chegados”.

FE – O ano termina com qual audiência no filme?
Assis  O filme termina sua carreira nos cinemas com mais de 4 milhões e 61 mil espectadores. É a quarta maior bilheteria da história do cinema brasileiro. E, em ingressos vendidos, o quinto lugar nos últimos 20 anos. Passou em todos os Estados brasileiros, em mais de 550 cidades. E, agora, vem a sequência, com o DVD e TVs, de pagas a abertas. Um filme é eterno. Isso é mágico. Ele é maior que todos nós. A história já era maior que todos nós.

FE – O filme repercutiu fora do País?
Assis  Sim. Tanto que estamos negociando colocá-lo nos Estados Unidos, que é o mercado mais competitivo do mundo. Nossa intenção é estrear em um circuito bem direcionado nas principais cidades americanas, e convocar todos os brasileiros que moram na América a ir ver o filme, a resgatar o que eles têm de melhor: a fé. E ainda estaremos negociando o filme com todos os países possíveis a partir deste mês, com um agente de vendas bem direcionado. Ou seja, 2011 continua pleno para o filme.

FE – 2010 foi o ano do cinema espírita. Como você vê esse fato e os demais lançamentos?
Assis – Acho que o cinema é cinema e as pessoas vão para ver “uma boa história” e ponto. Não tenho certeza se já podemos dizer que há um novo gênero chamado espírita. Mas tenho certeza que as pessoas querem ver histórias cujos temas envolvam a espiritualidade. E por isso elas voltam a ser exibidas com força – um tema que nunca saiu realmente de cartaz. Mas não nos enganemos. O público sabe separar exatamente o que é bom do que é feito “para aproveitar uma tendência” e sem “base”. Só que agora parece que as pessoas querem respostas mais objetivas, e não apenas fantasias ou dramas que valorizem um ou outro aspecto de uma verdade que é ampla, irrestrita e está pronta para ser compartilhada com a grande maioria através dos meios de comunicação de massa. Quem sabe daqui a cinco anos tenhamos a possibilidade de juntar vários filmes bons, com bons resultados, e entender o que os faz serem partes de um novo gênero? É possível sim, mas é preciso muito trabalho.

FE – Passado o centenário de Chico Xavier, termina tudo por aí?
Assis – Pelo contrário, né? Tudo começa agora! O futuro chegou! Estamos realmente começando a conceber um próximo filme, baseado numa continuação do Nosso Lar, seguindo a proposta do próprio André Luiz, autor espiritual. Inicialmente, nossa tendência é levar histórias do livro Os Mensageiros para as telas. Mas ainda estamos estudando como fazer isso, quais parceiros devem se unir, enfim, é uma nova jornada e o barco ainda não foi para a água. Mas já está no estaleiro, começando a embarcar nossos sonhos e desejos. Nosso desafio agora é abrir mais ainda essa temática: fazer um filme que possa ser visto por mais de 4 milhões de pessoas. Temos um número que é uma bandeira. E agora é hora de fincar outras bandeiras. De fazer uma nova viagem. Temos o livro de bastidores do filme sendo vendido pela FEB e pelas editoras responsáveis. É uma forma que encontramos de compartilhar, sem interesses financeiros, a magia e o processo de trabalho do filme. Há fotos lindas, imagens de antes e depois... E temos também à venda, dentro dos mesmos conceitos mercadológicos, o CD com a trilha sonora, composta pelo americano Philip Glass e gravada pela primeira vez na história pela Orquestra Sinfônica Brasileira.

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